A programação dos seminários da 23ª edição do Cine PE foi pautada, em sua essência, pelo papel econômico da cultura, passando por suas relações com dois temas específicos e relevantes: a infraestrutura e a formação técnica para o audiovisual.

O economista Alfredo Bertini, ex-secretário nacional do Audiovisual e da Infraestrutura Cultural do Ministério da Cultura, comandou, na tarde desta terça-feira (30), a mesa de debate. Bertini é autor de “Economia da cultura: a indústria do entretenimento e o audiovisual no Brasil”, um dos primeiros e principais registros bibliográficos sobre o papel econômico da cultura, editado pela Saraiva em 2008.

Sua apresentação de hoje no Cine PE, assim como tem exposto em palestras pelo Brasil, serviu para mostrar a fragilidade pública e privada em tratar a cultura pelo viés econômico. “A generalização de uma postura antieconômica e antiempreendedora, que deriva da visão de grande parte da sociedade e até dos que produzem cultura, culmina hoje nesse estado de descrédito quanto ao papel econômico do setor. Sem informações confiáveis e sem o devido conhecimento da complexidade e extensão da cadeia produtiva da cultura, não há como dar a ela o protagonismo econômico que lhe cabe. Fazer a cultura acontecer não representa um exercício de mero diletantismo. É um ofício econômico, que mobiliza recursos, gera empregos e renda, algo capaz de contribuir efetivamente para o desenvolvimento econômico do país”, defendeu Bertini.

Apesar desse “contexto 3D” de desconhecimento, desinformação e desinteresse, que mostra a pouca evolução do que representa a “economia da cultura”, Bertini ainda crê que o momento de crise e questionamento que o setor atravessa pode ser um elemento de oportunidade de superação. Para ele, é preciso entender o novo ambiente econômico e político e daí se extrair um novo e desafiante caminho, no qual será necessário trilhar novas estratégias de sobrevivência setorial. “Enquanto ação plural de cada segmentação do setor, é preciso não só deixar de lado as ideias e convicções individuais (inclusive, as políticas) em prol do fortalecimento de cada negócio cultural. Num contexto liberal e de expressão nacionalista, por exemplo, é poder mostrar a relevância econômica do setor e como poderá contribuir o empreendedor cultural de origem nacional. Ou seja, por tais meios e com disposição em favor da interlocução e do diálogo, há como mostrar o papel efetivo de agente de desenvolvimento, assim como fazem outros setores da atividade econômica”, concluiu Bertini.

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