Cristovam Buarque promove seu livro “Conversas com Edmar Bacha” dentro da programação do Cine PE 2024

Cristovam Buarque promove seu livro “Conversas com Edmar Bacha” dentro da programação do Cine PE 2024

Na tarde deste sábado (8), o 28° Cine PE – Festival do Audiovisual recebeu o economista e educador Cristovam Buarque para o lançamento de seu livro “Conversa com Edmar Bacha”. O evento aconteceu no auditório do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), e contou com a participação de Buarque e Bacha e dos diretores do festival, Alfredo e Sandra Bertini, na mesa presidida pela desembargadora Margarida Cantarelli.

“Este livro é o quarto de uma série de conversas que eu tenho feito, e eu queria fazer um com o Bacha, por diversas razões. Primeiro que eu considero que o Bacha é um dos mais significativos economistas da minha geração, e também o pai do Plano Real — se não o único, mas um dos mais importante que tiveram essa concepção revolucionária para enfrentar o problema da inflação”, explicou o ex-ministro da Educação.

Em 2022, os dois economistas participaram do seminário “Cenários Econômicos, Políticos e Sociais para 2023: O que será do Brasil?”, que integrou a programação do 26º Cine PE; um dos resultados do encontro foi a decisão de escrever esse livro. “Eu estou muito orgulhoso de ter feito essa conversa e ter publicado, e devemos isso ao Cine PE”, concluiu Cristovam.

A obra propõe reflexões para relembrar o passado brasileiro desde os anos 1960 e imaginar o que o futuro guarda para a nação. A palestra, aberta ao público, contou com a presença de diversas personalidades ligadas ao audiovisual, como Oswaldo Massaini Filho e Emanoel Freitas. Também prestigiaram o evento o ator Edson Celulari, jurado de longas-metragens do Cine PE este ano, e a produtora Julia Barreto, da L. C. Barreto Produções Cinematográficas, que faz parte do júri oficial de curtas metragens festa edição.

Nascido no Recife, Cristovam Buarque foi reitor da UnB, governador do Distrito Federal, senador da República e Ministro da Educação, quando criou o programa Bolsa-Escola. O mineiro Edmar Lisboa Bacha foi um dos integrantes da equipe econômica que criou o Plano Real e atualmente ocupa a cadeira de número 23 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono foi José de Alencar.

Segunda coletiva do Cine PE promove animado debate sobre privilégios na vida real e humor no cinema

Segunda coletiva do Cine PE promove animado debate sobre privilégios na vida real e humor no cinema

Na manhã deste sábado (8) aconteceu a segunda coletiva de imprensa do Cine PE 2024 no hotel Beach Class Convention, em Boa Viagem. Representantes dos filmes exibidos na noite de sexta (7) participaram de um debate aberto ao público e com a presença de profissionais da imprensa especializada, mediado pelo curador do festival, Edu Fernandes.

Como representantes da Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Pernambucanos, estavam presentes Joana Claude, diretora de “Descarrego”, e Victor Jiménez e Davide Casagrande, diretor e produtor de “Nova Aurora”. Também dividiram a mesa os diretores Victor Di Marco e Márcio Picoli, do curta gaúcho “Zagêro”; Hilda Lopes Pontes e Klaus Hastenreiter, de “Solange não veio hoje” (BA); e Dayane Teles, de “Dentro de mim” (AL), que concorrem na Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Nacionais.

No segundo momento da coletiva, os diretores Thais Fernandes e Rafael Corrêa responderam perguntas sobre o primeiro longa-metragem da Mostra Competitiva, “Memórias de um esclerosado” (RS).

Fernandes destacou que a curadoria deste ano montou a programação com filmes que formam pares temáticos, como por exemplo “Solange não veio hoje” e “Dependências”, curta carioca dirigido por Luisa Arraes, também exibido na sexta (7). Ambos narram o que pode acontecer numa residência de classe média quando a empregada doméstica falta sem avisar. De forma semelhante, o curta “Zagêro” e o longa “Memórias de um esclerosado” partem do ponto de vista de pessoas com deficiência para contar suas histórias.

Um traço marcante desses dois filmes é o humor: ambos abordam temas difíceis sem deixar de lado o riso. Sobre sua forma de abordar as dificuldades ao longo do avanço de uma doença degenerativa, Rafael Corrêa declara que não se considera um “exemplo de superação”. “Tem muita coisa que eu perdi fisicamente, mas ao mesmo tempo eu ganhei uma potência muito maior. Eu amadureci com essa experiência, de um lado eu tenho essa fragilidade do corpo, mas me sinto muito mais potente como artista. E nessa questão do humor, eu sou palhaço mesmo, e meus quadrinhos são também, meus cartuns. Eu sempre usei o humor como expressão, e quando comecei a contar minha história, naturalmente o humor veio”, explicou.

Inclusão em destaque na segunda noite do Cine PE 2024: “Vamos aleijar os espaços”

Inclusão em destaque na segunda noite do Cine PE 2024: “Vamos aleijar os espaços”

A despeito das chuvas intensas que caíram no Recife na última sexta (8), a 28ª edição do Cine PE deu início às Mostras Competitivas no Cineteatro do Parque parcialmente lotado. A segunda noite do festival teve a exibição de seis curtas e um longa-metragem.

O impactante “Descarrego”, de Joana Claude, deu início à Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Pernambucanos, seguido pela animação em rotoscopia Nova Aurora, de Victor Jiménez, sobre uma adolescente surda e sua relação com o pai que não fala Libras. A realidade das pessoas com deficiência foi tema de metade dos filmes da noite.

O primeiro dia da Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Nacionais teve “Zagêro” (RS), de Victor Di Marco e Márcio Picoli, “Solange Não Veio Hoje” (BA), de Hilda Lopes e Klaus Hastenreiter, e “Dentro de Mim” (AL), de Dayane Teles. A programação incluiu também “Dependências” (RJ), primeiro curta-metragem dirigido por Luisa Arraes. A atriz, diretora e roteirista fez um bate e volta no Recife para a estreia de “Grande Sertão”, na quinta-feira (6), mas, como não poderia estar presente no lançamento do curta, deixou um vídeo direcionado ao público.

Victor Di Marco, ator principal, roteirista e diretor de “Zagêro”, se sentou na beira do palco com o diretor Márcio Picoli e a diretora de fotografia Ma Villa Real e convidou o público a “não pensar em acessibilidade, porque a acessibilidade tem um perigo muito grande que é a gente dar o poder para alguém nos incluir. Então, este é um convite para que a gente aleije a nossa vida, aleije os nossos corpos, aleije os espaços que não são convidativos para pessoas com deficiência”. Victor, vencedor do prêmio de Melhor Curta Nacional no Cine PE 2020, com o documentário “O que pode um corpo”, acrescentou: “Eu estou muito feliz porque este é o primeiro festival da minha carreira em que eu não sou o único artista com deficiência a estar na mostra de filmes, e isso é um marco”.

A noite se encerrou com o documentário em longa-metragem “Memórias de Um Esclerosado” (RS), de Thaís Fernandes e Rafael Corrêa. Rafael, cartunista diagnosticado com esclerose múltipla em 2010, usou filmagens e trechos em animação para organizar suas memórias e mostrar o convívio com a doença degenerativa. Ao agradecer ao público e ao Cine PE, Rafael não pôde deixar de mencionar as dificuldades que enfrentou para estar presente no festival: “Eu tive problema no avião, não tem carro acessível, o hotel não tem porta acessível e aqui não tem rampa pra subir no palco, então vocês imaginam o que é a gente passar por isso todo dia. Mas, quando o Victor falou de aleijar, eu lembrei que um dos maiores artistas do Brasil tinha a alcunha de Aleijadinho”.

Primeira coletiva de imprensa do Cine PE é marcada por encontro de talentos e curiosidades sobre a construção de personagens

Primeira coletiva de imprensa do Cine PE é marcada por encontro de talentos e curiosidades sobre a construção de personagens

Na manhã desta sexta-feira, 7 de junho, o hotel Beach Class Convention, em Boa Viagem, foi palco da primeira coletiva de imprensa do Cine PE 2024. O evento, que reuniu representantes de filmes e profissionais da imprensa, proporcionou uma rara oportunidade de diálogo com alguns dos nomes mais proeminentes do cinema brasileiro.

Entre os participantes estavam o diretor Guel Arraes, os atores Luís Miranda, Rodrigo Lombardi, Caio Blat e Eduardo Sterblitch, a diretora e produtora Flávia Lacerda e o produtor Manoel Rangel, representantes do grandioso “Grande Sertão”, que teve sua estreia na noite de quinta-feira (6), durante a abertura do festival.

O momento de debate trouxe à tona a preparação dos atores para transpor para as telas alguns dos personagens mais emblemáticos e complexos da literatura brasileira. Rodrigo Lombardi, intérprete de Joca Ramiro, contou sobre o processo de maquiagem e a construção do personagem.

“Eu fui o último a entrar para o elenco, não porque fui o último a ser chamado, mas porque estava em outro filme. Nós chegamos a fazer testes de maquiagem para ver o que funcionava melhor, colocamos cicatrizes nas minhas costas, pintamos meus braços de preto. O Guel só olhava e dizia ‘isso não’. E fazendo minhas leituras e algumas videoconferências, durante a pandemia, eu já tinha entendido como seria a expressão facial dele”, contou o ator, demonstrando sua facilidade em manter um dos olhos fechados, traço marcante do personagem.

A coletiva também contou com a presença da homenageada desta edição, a atriz, cantora e compositora Tânia Alves. Sua trajetória foi celebrada em um emocionante momento de reconhecimento e admiração. Filha de um recifense e uma carioca, Tânia tem em sua trajetória personagens nordestinas tão fortes e inesquecíveis que as pessoas tendem a esquecer que ela nasceu no Rio de Janeiro.

“Iniciei minha jornada no Grupo Chegança, um grupo de teatro nordestino que adaptava o cordel para musicais, sob a direção brilhante de Luiz Mendonça, um pernambucano que se tornou meu mestre. É emocionante para mim, pois devo a ele minha habilidade de atuar no palco”, relembrou.

“Naquela época, os diretores de cinema e televisão frequentavam o teatro e reconheciam minha capacidade de interpretar papéis nordestinos, uma habilidade que não aprendi com meu pai, mas sim com colegas nordestinos que estavam se estabelecendo no Rio de Janeiro”, completou a atriz.

Como acontece todos os anos, o encontro proporcionou insights valiosos sobre o cenário atual do cinema nacional, além de promover a troca de experiências e reflexões sobre o audiovisual.

Cine PE inicia 28ª edição com homenagem à música e forte presença política

Cine PE inicia 28ª edição com homenagem à música e forte presença política

Na noite desta quinta-feira (6), o 28º Cine PE abriu suas portas com a estreia nacional do aguardado filme “Grande Sertão”, dirigido por Guel Arraes. A adaptação cinematográfica do clássico literário “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, atraiu uma audiência ansiosa, que lotou o Cineteatro do Parque, no Recife. Além do cineasta pernambucano, o evento contou com a presença ilustre do elenco principal, incluindo Luisa Arraes, Caio Blat, Eduardo Sterblitch, Rodrigo Lombardi e Luís Miranda, que fizeram questão de prestigiar a première.

Ao apresentar o longa, Guel ressaltou a genialidade da obra de Guimarães Rosa, que, escrita há quase 70 anos, narra um conflito que parece tão atual. “O filme ‘Grande Sertão’ transpõe a história do grande Guimarães Rosa da guerra no interior de Minas, no fim do século XIX, pra guerra da favela, entre polícia e bandidos, essa guerra que até hoje a gente tem dificuldade de entender. Eu não vejo solução nem à direita nem à esquerda. A direita tem uma solução ruim a curto prazo, a esquerda tem uma solução boa a longo prazo demais. E a arte não tem uma solução prática pra vida, como a política, mas a arte pode dar uma visão mais profunda, mais humana de uma realidade”, explicou o diretor.

Pela primeira vez em sua história, o festival iniciou com uma emocionante homenagem às trilhas sonoras de filmes brasileiros. A Orquestra Bravo, sob a batuta do maestro Dierson Torres, executou as músicas “Olê, mulher rendeira”, do filme “O Cangaceiro”; “O que será”, de “Dona Flor e seus dois maridos”; “Bye bye, Brasil”, do longa de mesmo título; “Esperando na janela”, de “Eu, tu, eles”; “Bicho de sete cabeças”, do filme homônimo; “O tempo não para”, de “Cazuza”; e “Tempo perdido”, de “Somos tão jovens”.

Nos momentos finais do concerto, a orquestra recebeu convidados especiais que abrilhantaram a apresentação com seus vocais: o cantor e compositor Silvério Pessoa, que cantou “Você não me ensinou a te esquecer”, de Lisbela e o prisioneiro”; Carlos Filho, ex-participante do The Voice Brasil, que cantou “Beatriz”, de “O grande circo místico”; e Mariana Rocha,ex-The Voice Kids, que deu voz a “Como nossos pais”, de “Ainda somos os mesmos”, filme de abertura do Cine PE 2023. Enquanto a música preenchia a sala, cenas dos filmes homenageados eram projetadas na tela, proporcionando uma viagem sensorial pela história do cinema nacional.

A noite também foi marcada por uma homenagem à atriz e cantora Tânia Alves, por sua inestimável contribuição ao cinema e à música brasileira. Tânia recebeu a Calunga de Ouro das mãos do maestro Spok, do prefeito do Recife, João Campos, e da governadora do estado de Pernambuco, Raquel Lyra. Tânia agradeceu o reconhecimento citando alguns dos pernambucanos que marcaram sua carreira artística, começando pelo seu pai, “recifense de Casa Amarela”. “Eu sou atriz graças a um pernambucano que me ensinou a pisar no palco de forma visceral e despudoradamente brasileira. Seu nome é Luiz Mendonça”, declarou, relembrando ainda Robertinho do Recife, Alceu Valença, Geraldinho Azevedo, Carlos Fernando e Dominguinhos, além dos paraibanos Elba Ramalho e Zé Ramalho. Entre risos e lágrimas, a homenageada desta edição contou que sua primeira vez no carnaval de Recife e Olinda foi a convite de Spok, para cantar com sua orquestra.

O prefeito João Campos aproveitou a ocasião para comentar a recente desapropriação dos edifícios do Triannon e do Art Palácio, extintos cinemas de rua localizados na Avenida Guararapes, para a construção de um Instituto Federal: “Vamos fazer as salas de aula no Trianon e uma sala de audiovisual, que será usada como auditório do Instituto Federal e também um cinema aberto à população do Recife, no Art Palácio”.

Raquel Lyra comentou sobre a importância de fomentar a arte, a cultura e a economia criativa. “A gente não quer artista pedindo esmola. A gente quer artista que possa viver da sua arte o ano inteiro”, pontuou a governadora.

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