RIO — Uma plateia generosa foi assistir aos dois últimos títulos da competição internacional do 18º Cine PE, na noite de quinta-feira, feriado do Dia do Trabalho, no Cine Teatro Guararapes, em Olinda. O programa duplo oferecia o drama criminal “Romance policial”, coprodução entre o Brasil e o Chile, dirigida pelo veterano Jorge Durán e rodada quase em sua totalidade no país vizinho, e “Muitos homens num só”, drama de época da estreante (em longas-metragens) Mini Kerti, ambos aplaudidos pelo público.

Chileno radicado no Brasil há mais de três décadas, Durán volta ao Cine PE — onde exibiu em 2011 “Não se pode viver sem amor”, vencedor do prêmio especial do júri para o ator Rogério Fróes — com uma história de amor e morte de tons intimistas, que tem como protagonista o ator Daniel Oliveira. Na trama, ele interpreta Antônio, um funcionário público e aspirante a escritor que viaja ao deserto do Atacama, no Chile, para buscar inspiração para o seu primeiro romance e se envolve involuntariamente em um assassinato.

— Fazer um filme é uma tarefa bonita, mas dá muito trabalho — comentou Durán, conhecido por filmes como “A cor do seu destino” (1986), no palco do cinema, acompanhado de parte de sua equipe. — Ninguém faz cinema sozinho e, neste filme, duas equipes, uma brasileira e outra chilena trabalharam juntas para realizá-lo.

“Romance policial” foi rodado em locações no Chile, no povoado de San Pedro do Atacama, com direção de fotografia de Luís Abramo. Na história, desenvolvida pelo próprio Durán, Antônio é envolvido na morte do homem que havia lhe dado carona até a cidade e passa a ser investigado pela polícia local. Impedido de deixar o lugar, ele faz constantes visitas ao deserto e se envolve com Florencia (Daniela Ramirez), jovem de passado misterioso que administra um bar. Martinez, o policial que trabalha no crime, é interpretado por Álvaro Rudolphy, galã da TV chilena.

A noite de crimes e mistérios ganhou tons românticos com a exibição de “Muitos homens num só”, ambientando no Rio de Janeiro do início do século XX e inspirado em personagens de João do Rio, pseudônimo do jornalista, escritor e dramaturgo Paulo Barreto (1881-1921).

Na trama, escrita por Leandro Assis, Alice Braga interpreta a desenhista Eva, jovem volúvel e encantadora que se envolve romanticamente com um ladrão de hotéis conhecido como Dr. Antônio, vivido por Vladimir Brichta. Eva foi extraída da peça “Eva” (1915), e o larápio sedutor é inspirado no gaúcho Arthur Antunes Maciel, que assombrou a sociedade carioca da época e que teve seu passado e suas façanhas compilados por João do Rio no livro “Memórias de um rato de hotel” (1912).

— É uma honra dividir essa noite com o Durán. Fico lisonjeada — disse Mini, sócia e uma das mais ativas diretoras de comerciais da Conspiração Filmes, coprodutora do longa.

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