Na manhã desta terça-feira (5), o Salão Bezerros do hotel Beach Class Convention, em Boa Viagem, sediou a primeira coletiva de imprensa da 27ª edição do Cine PE. Abrindo o debate, o diretor Paulo Nascimento e o ator Edson Celulari falaram sobre o filme “Ainda somos os mesmos”, exibido na última segunda (4), noite de abertura do festival, como parte da Mostra Hors-Concours. O longa é livremente inspirado na história do advogado gaúcho João Carlos Bona Garcia, o Bona, que foi preso e torturado pela ditadura militar brasileira, se exilou no Chile e passou 42 dias refugiado na embaixada da Argentina após o golpe de estado de Augusto Pinochet.
Celulari, de passagem pelo Recife exclusivamente para a exibição, contou que ainda não havia assistido à versão final do filme e manifestou grande contentamento com a recepção do público. “Ontem, pessoas que assistiram à sessão vieram conversar comigo emocionadas, me dizendo que se viram representadas nesses personagens e nessa história. Acho que o filme ganhou um corpo de realmente atingir o espectador, e eu fiquei muito feliz com o resultado”, pontuou o ator.
Paulo Nascimento também se impressionou com a acolhida do longa na capital pernambucana. “Nós estávamos ansiosos ontem, eu não tinha ideia de qual seria a reação do público. Talvez se a gente tivesse apresentado esse filme em Gramado, tivesse sido vaiado. É a primeira vez que eu estou vindo a Recife, ao festival, então pra gente era uma incógnita, como é que vai ser? Foi um alívio que vocês não imaginam quando vimos aquele aplauso que não acabava mais”, desabafou.
Na sequência, o diretor Helder Lopes, a produtora Kika Latache e o compositor Jota Michiles responderam perguntas sobre o documentário “Frevo Michiles”, primeiro integrante da Mostra Competitiva de Longas-Metragens. O longa narra a trajetória musical de Michiles e registra a importância de sua contribuição para o frevo como o conhecemos hoje, imortalizado em canções gravadas por artistas como Alceu Valença.
Helder destacou a importância dos documentários para a conservação de patrimônios culturais, não apenas no sentido de registrar, mas também de estimular a própria produção cultural. “A parte mais importante da salvaguarda é a insistência na produção. O melhor que se pode fazer pelos antigos compositores é que as pessoas continuem compondo. E nesse estímulo à produção é que entra a gente, como documentarista, é uma responsabilidade que a gente tem. É o nosso papel, fazer esse registro, essa salvaguarda. Esse filme vai ter o papel dele daqui a 200 anos”, refletiu o cineasta.
Seminário
Na tarde de hoje (5), o Cine PE promove o seminário gratuito “Cenários Políticos da Reforma Tributária e os Novos Desafios para a Cultura”, que traz o economista Sérgio Buarque e o administrador e auditor fiscal Décio Padilha para discutir o tema da reforma tributária. O encontro é mediado pelo economista e idealizador do Cine PE, Alfredo Bertini, e pode ser assistido on-line pelo link https://www.youtube.com/watch?v=F40NQUs7T0I.
Segunda noite de exibição e homenagem a Caio Blat
A partir das 19h, o festival exibe “Depois do Sonho” (PE), de Ayodê França, e “Invasão ou Contatos de Terceiro Mundo” (PE), de Hugo Barros Aquino e Maria Eduarda Soares Gazal, ambos na Mostra Competitiva de Curtas-Metragens pernambucanos. Na Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Nacionais, serão projetados “Eles Não São Estrangeiros” (SC), de Pedro Bughay; “Quintal” (BA), de Mariana Netto; “Essa Terra é Meu Quilombo” (AP), de Rayane Penha; e “Moventes” (RN), de Jefferson Cabral.
Encerrando a noite, “Porto Príncipe” (SC/RJ), de Maria Emília de Azevedo, será exibido dentro da Mostra Competitiva de Longas-Metragens. A noite também será marcada pela homenagem ao ator Caio Blat, que recebe o troféu Calunga de Ouro.