Após a coletiva com representantes dos curtas-metragens exibidos na noite da última quarta (28) dentro da programação do CINE PE, Sandra Bertini, diretora do festival, juntou o diretor pernambucano Josias Teófilo e o produtor Matheus Bazzo para promover um debate sobre O Jardim das Aflições. Em uma tela montada ao lado do palco estava uma das grandes novidades da 21ª edição do evento: o filósofo Olavo de Carvalho, retratado pelo documentário, falava ao vivo, via Skype, de sua residência em Richmond, nos Estados Unidos. A seleção da obra em questão foi um dos motivos do protesto que culminou na saída de sete filmes da grade inicial da programação.
Foto: Lana Pinho/Divulgação
“Ontem foi uma noite linda. Foi um momento muito atribulado o que aconteceu no CINE PE. Foi uma situação tensa, que no início me tirou o sono. De certa forma, me desagradou um pouco. Minha vida ficou um caos”, lamentou Josias. O diretor defendeu que, apesar das dificuldades, a polêmica também surtiu um resultado positivo: “O filme despertou uma atenção tremenda. Hoje, vendo essa sessão de ontem, eu realmente não tenho mais do que reclamar ou ficar bravo com alguém, porque isso faz parte da trajetória do filme. É uma história única, é uma história preciosa”, explanou.
“O filme não tem a pretensão de apresentar a filosofia do Olavo de Carvalho, mas apenas alguns temas do livro ‘O Jardim das Aflições’; nem mesmo o livro inteiro, apenas alguns temas. E isso foi feito de maneira maravilhosa, impecável, perfeita, e ainda tem o mérito de ser um dos raríssimos filmes brasileiros que têm relevância filosófica”, pontuou Olavo sobre o resultado final do documentário.
Cerca de mil pessoas enfrentaram a forte chuva que atingiu o Recife na noite desta quarta-feira (28) para prestigiar o segundo dia de exibição do CINE PE. Com ingressos esgotados desde o dia anterior, o grande protagonista da programação foi o longa-metragem O Jardim das Aflições, do pernambucano Josias Teófilo. Aplaudido desde sua entrada no Cinema São Luiz, o cineasta precisou se dividir entre as entrevistas à imprensa e as selfies com o público ávido. No discurso que precedeu a projeção do documentário, o diretor falou sobre a importância de exibir o filme em sua cidade e, sobretudo, no Cinema São Luiz, relembrando a passagem de seu avô, o cineasta Pedro Teófilo Batista, que esteve na inauguração do tradicional equipamento da capital pernambucana, em 1952. “Este cinema é muito importante também porque está aqui o mural de Lula Cardoso Ayres, que é pra mim a síntese do Recife. Primeiro que é um mural cinematográfico, é uma das maiores preciosidades dessa cidade”, exaltou.
Josias Teófilo foi ovacionado antes da exibição de ‘O Jardim das Aflições’. Foto: Lana Pinho/Divulgação
A noite contou também com a exibição das animações Almas Secas e Marina e o Passarinho Perdido, e do documentário Soberanos da Resistência, concorrentes na Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Pernambucanos. O Ex-Mágico, Luiza e Dia dos Namorados foram exibidos dentro da Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Nacionais.
Público lotou o Cinema São Luiz. Foto: Lana Pinho/Divulgação
Nesta quinta (29), o evento segue com a projeção dos curtas Aqui Jaz e Retratos da Alma, além dos longas Los Leones e Borrasca. Às 10h, no Hotel Transámerica, em Boa Viagem, acontecem as entrevistas coletivas dos filmes exibidos na quarta – incluindo uma videoconferência com o próprio Olavo de Carvalho, escritor e filósofo retratado em O Jardim das Aflições. No mesmo local, às 14h30, será sediado o seminário “Novos modelos de negócios no audiovisual: como a soberania do consumidor está revendo os conceitos na produção, distribuição e exibição?”, com participação dos produtores culturais Vilma Lustosa e Fernando Dias, do jornalista e diretor de TV Hermes Leal e do produtor cinematográfico Márcio Fracarolli, da Paris Filmes.