21ª edição do CINE PE é marcada por resiliência e novas formas de consumo
Passados todos os percalços que precisaram ser superados nos últimos meses até a concretização do CINE PE, a idealizadora Sandra Bertini fez um balanço sobre a edição deste ano na manhã desta segunda (3). Testado a ferro e fogo, o festival que está prestes a se encerrar carrega um saldo positivo. “Enquanto produtora, estou muito satisfeita com o evento. Da logística à qualidade de som, tudo funcionou: o hotel onde ficamos, minha equipe de produção, os restaurantes que nos atenderam, etc.”, comentou a diretora do festival. Em sua avaliação, Sandra destacou a boa frequência do público, que praticamente lotou o Cinema São Luiz em todos os dias e esgotou na pré-venda os ingressos da sessão da última quarta (28), e citou contratempos de âmbito natural, como as fortes chuvas que persistiram na capital pernambucana ao longo da última semana: “O evento foi bem frequentado, ainda mais se levarmos em consideração o tempo chuvoso que o cercou durante todos os dias de exibição”. “Estou satisfeita com os debates que conduzi aqui [no Hotel Transamérica, em Boa Viagem], satisfeita com os seminários, tudo o que a gente viu durante esses sete dias me agradou. Eu me sinto com uma missão extremamente cumprida”, pontuou.
A reunião que sucedeu a última coletiva do CINE PE foi acompanhada por jornalistas da imprensa local e nacional, além de diretores, atores e responsáveis por filmes que integraram a programação deste ano. Além de Sandra, esteve no palco o ator e cineasta brasileiro Bruno Torres, que faz parte da curadoria do festival. O debate corroborou com um tema que esteve em pauta em um dos seminários realizados na última semana: os novos conceitos de consumo, produção e exibição do audiovisual. Após dois adiamentos, algumas das obras selecionadas deixaram de ser inéditas, o que gerou dúvidas na crítica especializada. “Mas como podemos ter certeza do futuro dos festivais se a tecnologia existe e muda diariamente o mercado audiovisual?”, questionou Sandra. Como exemplo dessas novas demandas na produção cinematográfica, a produtora cita a polêmica que esquentou o 70º Festival de Cannes, quando o diretor espanhol Pedro Almodóvar se posicionou contra a presença de dois longas produzidos pela Netflix na disputa da Palma de Ouro, alegando que tais filmes jamais seriam vistos em tela grande. “Estamos percorrendo novas plataformas, novas formas de consumo e até de aprovação. As pessoas escolhem o que querem e quando querem através de um aparelho celular. Não dá para fingir que a tecnologia não existe, é necessário tentar novas formas”. A realizadora finalizou dizendo que, em sua maioria, mesmo os filmes que entraram em circuito nacional ainda não foram lançados no Recife, cidade que sedia o evento.
Sobre a escolha da programação, Bruno Torres acrescentou que fez uma lista levando em consideração a qualidade dos filmes e a pluralidade das narrativas: “Eu me prendi às propostas de linguagens diferenciadas, para que pudesse municiar Sandra com um quadro que eu acreditava que poderia oferecer a um público diferenciado”.
Com uma grade de modo geral bem avaliada, até mesmo pelos críticos que já haviam assistido alguns dos filmes e expressaram prazer em revê-los, o CINE PE Festival do Audiovisual conclui seu vigésimo primeiro ano na noite desta segunda (3), com a apresentação dos vencedores dos troféus Calunga de Prata e a exibição hours concours do longa-metragem “Atum, Farofa e Spaghetti”, com os chefs pernambucanos Duca Lapenda, Joca Pontes e Saburó Matsumoto, além do premiado curta “Duas Mulheres”, de Marcelo Brennand.
SERVIÇO:
Solenidade de encerramento do CINE PE, às 19h30
Exibição do longa “Atum Farofa e Spaghetti” e do curta “Duas Mulheres”
Cinema São Luiz (Rua da Aurora, 175 – Boa Vista, Recife)
Ingresso: R$ 5 (preço único)