A 28ª edição do Cine PE chegou ao fim na noite desta terça-feira (11), no Cineteatro do Parque, e consagrou o documentário “Memórias de um Esclerosado” como Melhor Longa-Metragem, escolhido pelo Júri Oficial e pelo Júri Popular do festival. A produção de Thais Fernandes e Rafael Corrêa conta a história do codiretor do longa, cartunista diagnosticado com esclerose múltipla em 2010. Rafael foi premiado também por sua atuação no filme, que mistura trechos documentais com animação.
A animação pernambucana “Hoje Eu Só Volto Amanhã”, de Diego Lacerda, Luan Hilton, Chia Beloto, Marila Cantuária, Juliette Perrey, Marcelo Vaz, Yuri Shmakov, Raul Souza, Gio Guimarães, Gabriel de Moura e Rubens Caetano, também foi unanimidade entre o Júri Oficial e o Júri Popular na Mostra Competitiva de Curtas Nacionais, levando as Calungas de Prata de Melhor Filme.
Enquanto isso, na Mostra Competitiva de Curtas Pernambucanos, o vencedor foi “Das Águas”, de Adalberto Oliveira e Tiago Martins Rêgo, que ainda abocanhou os prêmios de Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora. Já o Júri Popular decidiu entregar a Calunga de Prata de Melhor Filme para “Náufrago”, de Vitória Vasconcellos.
PRÊMIO DA CRÍTICA – Composto por Arthur Gadelha, Tati Régis e Yasmine Evaristo, o júri da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) concedeu a Calunga de Melhor Longa-Metragem para “Invisível”, Carolina Vilela e Rodrigo Hinrichsen. O prêmio de Melhor Curta Nacional foi para “Zagêro”, de Victor di Marco e Márcio Picoli.
PRÊMIO CANAL BRASIL DE CURTAS – Com júri formado por Francisco Carbone, do site Cenas de Cinema; Vitor Búrigo, do CineVitor; Raphael Camacho, do Guia do Cinéfilo; Neusa Barbosa, do CineWeb; e Yasmine Evaristo, do Feito Por Elas, o Prêmio Canal Brasil elegeu como melhor curta “Hoje Eu Só Volto Amanhã”, de Diego Lacerda, Luan Hilton, Chia Beloto, Marila Cantuária, Juliette Perrey, Marcelo Vaz, Yuri Shmakov, Raul Souza, Gio Guimarães, Gabriel de Moura e Rubens Caetano. Com o objetivo de estimular a nova geração de cineastas, o Canal Brasil oferece um troféu e R$ 15 mil para o melhor filme de curta-metragem, que também será exibido em sua grade de programação.
Confira a lista completa dos vencedores do Cine PE 2024:
PRÊMIO CANAL BRASIL
Melhor Curta-Metragem – “Hoje Eu Só Volto Amanhã” (PE), de Diego Lacerda, Luan Hilton, Chia Beloto, Marila Cantuária, Juliette Perrey, Marcelo Vaz, Yuri Shmakov, Raul Souza, Gio Guimarães, Gabriel de Moura e Rubens Caetano.
PRÊMIO DA CRÍTICA (ABRACCINE)
Melhor Curta Nacional – “Zagêro” (RS), de Victor di Marco e Márcio Picoli;
Melhor Longa-Metragem – “Invisível” (RJ), de Carolina Vilela e Rodrigo Hinrichsen
MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS PERNAMBUCANOS
Melhor Filme – “Das Águas”, de Adalberto Oliveira e Tiago Martins Rêgo;
Júri Popular – “Náufrago”, de Vitória Vasconcellos, com 37% dos votos;
Melhor Direção – Adalberto Oliveira e Tiago Martins Rêgo, por “Das Águas”;
Melhor Roteiro – Pedro Melo, por “Emocionado”;
Melhor Fotografia – Adalberto Oliveira, por “Das Águas”;
Melhor Montagem – Douglas Henrique, por “Emocionado”;
Melhor Edição de Som – Romero Coelho, por “Moagem”;
Melhor Direção de Arte – Letícia Rodrigues, por “Mãe”;
Melhor Trilha Sonora – Marolas Crew e todo o conjunto da obra, por “Das Águas”;
Melhor Ator – Guilherme Alves, por “Mãe”;
Melhor Atriz – Mariana Castelo, por “Emocionado”.
MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS NACIONAIS
Melhor Filme – “Hoje Eu Só Volto Amanhã” (PE), de Diego Lacerda, Luan Hilton, Chia Beloto, Marila Cantuária, Juliette Perrey, Marcelo Vaz, Yuri Shmakov, Raul Souza, Gio Guimarães, Gabriel de Moura e Rubens Caetano;
Júri Popular – “Hoje Eu Só Volto Amanhã” (PE), de Diego Lacerda, Luan Hilton, Chia Beloto, Marila Cantuária, Juliette Perrey, Marcelo Vaz, Yuri Shmakov, Raul Souza, Gio Guimarães, Gabriel de Moura e Rubens Caetano, com 45,6% dos votos;
Melhor Direção – As crianças e adolescentes da Comunidade de Macambira, por “Flores da Macambira” (ES);
Melhor Roteiro – Diego Lacerda, por “Hoje Eu Só Volto Amanhã” (PE);
Melhor Fotografia – Ma Villa Real, por “Zagêro” (RS);
Melhor Montagem – Vinicius Lima e Rafael Souto, por “Resistência” (RO);
Melhor Edição de Som – Nicolau Domingues e Rafael Travassos, por “Hoje Eu Só Volto Amanhã” (PE);
Melhor Direção de Arte – Diego Lacerda, Luan Hilton, Chia Beloto, Marila Cantuária, Juliette Perrey, Marcelo Vaz, Yuri Shmakov, Raul Souza, Gio Guimarães, Gabriel de Moura, Bruno Luna e Rubens Caetano, por “Hoje Eu Só Volto Amanhã” (PE);
Melhor Trilha Sonora – Vovô Romário, por “Flores da Macambira” (ES);
Melhor Ator – Victor di Marco, por “Zagêro” (RS);
Melhor Atriz – Juliana Araújo, por “Jogo de Classe” (SP).
MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS-METRAGENS
Melhor Filme – “Memórias de um Esclerosado”, de Thais Fernandes e Rafael Corrêa (RS);
Júri Popular – “Memórias de um Esclerosado”, de Thais Fernandes e Rafael Corrêa (RS), com 67% dos votos;
Melhor Direção – Carolina Vilela e Rodrigo Hinrichsen, por “Invisível” (RJ);
Melhor Roteiro – Thais Fernandes, Rafael Corrêa e Ma Villa Real, por “Memórias de um Esclerosado” (RS);
Melhor Fotografia – Luciana Baseggio e Mari Moraga, por “Geografia Afetiva” (SP);
Melhor Montagem – Rodrigo Séllos e Fernando Nicolletti, por “Invisível” (RJ);
Melhor Edição de Som – Rosana Stefanoni, por “Geografia Afetiva” (SP);
Melhor Direção de Arte – André Cortez, por “Cordel do Amor Sem Fim” (SP);
Melhor Trilha Sonora – André Paz, por “Memórias de um Esclerosado” (RS);
Melhor Ator – Alexandre Guimarães, por “No Caminho Encontrei o Vento” (PE);
Melhor Atriz – Marcia de Oliveira, por “Cordel do Amor Sem Fim” (SP);
Melhor Ator Coadjuvante – Rafael Corrêa, por “Memórias de um Esclerosado” (RS);
Melhor Atriz Coadjuvante – Helena Ranaldi e Patrícia Gasppar, por “Cordel do Amor Sem Fim” (SP).
Na manhã desta segunda-feira (10), o prefeito do Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros, e sua esposa, Andrea Medeiros, receberam no Complexo Administrativo do município uma comitiva do Cine PE – Festival do Audiovisual. Na ocasião, o gestor público abriu espaço para artistas e realizadores de cinema debaterem sobre o avanço do audiovisual brasileiro ao longo dos anos, graças aos financiamentos e projetos culturais de fundos públicos, permitindo a realização e distribuição de produções em um cenário que ainda enfrenta os desafios da retomada pós-pandemia.
O festival, que neste ano chegou a sua 28ª edição, é um dos mais antigos e importantes do Brasil, movimentando, entre outros aspectos, a economia e a rede hoteleira de Pernambuco durante uma semana de evento. Esse esforço é resultado não apenas da produção, mas também dos apoiadores e financiadores, incluindo a Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes, copatrocinadora do festival.
Pela primeira vez o município se integra à programação do evento, recebendo, em agosto, uma série de atividades voltadas para a rede pública de ensino, incluindo uma oficina de animação e outra de documentário, destinadas a crianças de 7 a 9 anos e de 10 a 12 anos, respectivamente. A ideia é que essas oficinas culminem na realização de dois curtas-metragens desses gêneros, produzidos pelos estudantes da rede municipal pública. Além das oficinas, o Cineteatro Samuel Campelo, em Jaboatão Centro, receberá, nos dias 19, 20, 26 e 27 de agosto, uma Mostra Infantil de Cinema, com exibição dos longas “A Fada do Dente”, de Carolina Origer, e “Coração de Fogo”, de Laurent Zeitoun e Theodore Ty.
“Nossa gestão vem fazendo um esforço coletivo para promover os artistas da nossa terra, criar políticas públicas que beneficiem nossos produtores culturais e manter em constante movimento nossos órgãos públicos, como o Cineteatro Samuel Campelo, que passou 15 anos de portas fechadas e reabriu na nossa gestão. Agora, temos orgulho de trazer o Cine PE, que é uma referência no cinema nacional, para contribuir com a movimentação deste espaço com oficinas de animação e documentário e sessões de exibição”, comentou o prefeito Mano Medeiros.
Para Alfredo Bertini, idealizador e diretor do Cine PE, a Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes chega como uma importante agregadora para o festival e para a existência de um cinema mais democrático. “Desde 2018, adotamos a gratuidade nas sessões do Cine PE. Naquele ano, já tínhamos uma parceria duradoura com a Prefeitura do Recife para a Mostra Infantil, que acontece com alunos da rede pública da nossa capital, levando aos cinemas crianças que nunca pisaram numa sala de exibição, de forma gratuita. Agora, nosso festival estende ainda mais suas raízes sobre a terra, chegando a um dos mais importantes municípios do nosso Estado. Nosso objetivo é democratizar o audiovisual”, pontuou Bertini.
Participaram também da reunião a atriz Helena Ranaldi, o diretor Daniel Alvim, o coordenador do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Sérgio Fidalgo, e o diretor, produtor executivo, diretor de produção e produtor associado Oswaldo Massaini Filho, além dos secretários municipais da prefeitura e outros realizadores e produtores presentes no festival.
Dando continuidade à mostra paralela de filmes exibidos fora de competição no 28º Cine PE, o segundo dia da Mostra Inquietações encheu o Cinema do Porto para a exibição de seis curtas-metragens. Na sala de projeção, localizada dentro do Porto Digital, no Bairro do Recife, as equipes dos filmes da tarde se misturavam animadamente com o público na tarde deste domingo (9).
A diretora do Cine PE, Sandra Bertini, apresentou a Mostra, relembrando o inevitável sofrimento, que se repete todos os anos, de deixar de fora tantos filmes inscritos por conta das limitações do festival. “Na hora de selecionar o que vai ser exibido nas Mostras Competitivas, a gente tem vontade de colocar muito mais filmes, mas infelizmente nós temos restrições de tempo. Só temos seis dias de festival, temos limite de horário no cinema do Teatro do Parque, e fazer essa peneira dói”, explicou.
A programação do domingo foi composta majoritariamente por filmes produzidos em diferentes estados do Nordeste, com exceção dos curtas de ficção “Adam” (PR), de Ana Catarina, e “Cida Tem Duas Silabas” (SP), de Giovana Castellari. Produções nordestinas como a ficção “Dinho” (PE), de Leo Tabosa; a animação “Lagrimar” (RN), de Paula Vanina; e os documentários “Seu Adauto” (PE), de Edvaldo Santos, e “Destino Brasília” (PB), de Kalyne Almeida, Leandro Cunha e Sandro Alves de França, arrancaram risos e lágrimas da plateia.
Paula Vanina, diretora de “Lagrimar”, falou no palco sobre a emoção de participar dessa mostra no Cine PE. “Eu estou extremamente feliz de ter vindo a Recife para o Cine PE, um festival nordestino, trazer cinema feito no Nordeste para um festival do Nordeste, eu acho extremamente importante e espero que tenhamos cada vez mais espaço. E eu queria agradecer à curadoria porque — é uma brincadeira mas não é — eu prefiro inquietar e ficar inquieta do que competir”, completou a cineasta.
A terceira noite de exibição do Cine PE foi envolta por uma atmosfera romântica: a própria chuva que caiu no sábado (8) adicionou um toque especial à seleção de filmes apresentados. A curadoria habilmente entrelaçou produções pernambucanas e nacionais que exploram o amor em suas diversas facetas. Com um tom melancólico, o curta pernambucano “Naufrágo”, de Vitória Vasconcellos, entrelaça o tempo, o amor e a dor das despedidas prematuras, enquanto “Das Águas”, de Adalberto Oliveira e Tiago Martins Rêgo, retrata o amor latente pela cidade do Recife, mesmo diante do abandono e do descaso, manifestando-se em uma relação de luta, sonhos e tradição.
Na Mostra Competitiva de Curtas Nacionais, “Hoje Eu Só Volto Amanhã”, de Diego Lacerda, revela um amor pela tradição do Carnaval na Terra dos Altos Coqueiros, enquanto “Sempre o Mesmo”, de João Folharini, aborda a relação entre pai e filho, explorando o paradoxo da masculinidade. A noite culminou com o aguardado concorrente da Mostra Competitiva de Longas-Metragens, “Cordel do Amor Sem Fim”, de Daniel Alvim, que traz à tona discussões contemporâneas e urgentes de forma poética, explorando um tema universal e familiar para muitos que buscam um propósito maior na vida através do amor.
No Cineteatro do Parque, palco do festival mais uma vez neste ano, os agradecimentos foram dirigidos à curadoria do festival pela seleção dos filmes. Thalis Italo, protagonista de “Emocionados”, dirigido por Pedro Melo e concorrente da Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Pernambucanos, lembrou sua presença como espectador do Cine PE em anos anteriores e seu desejo de participar. “Eu não posso começar a minha fala sem agradecer o Cine PE pela oportunidade. Em 2021, eu tava sentadinho assistindo às sessões do festival e eu pensei ‘um dia eu quero participar disso’ e agora eu tô aqui”, relembrou. O curta, que narra uma história de amor adolescente ambientada na periferia do Recife, foi recebido com entusiasmo pelo público que lotou o Teatro do Parque.
O destaque da noite, “Cordel do Amor Sem Fim”, trouxe à tona discussões profundas, abordando temas contemporâneos e urgentes de maneira poética, tocando aqueles que buscam significado e conexão através do amor. Helena Ranaldi, presente para representar o filme, agradeceu ao festival pela estreia do longa, destacando a importância desse trabalho conjunto com seu marido, Daniel Alvim, e o árduo processo de produção do longa. “Eu estou muito emocionada e muito feliz por estar aqui hoje. Eu já estive no Cine PE em outro momento, mas agora é muito diferente, é outra emoção, porque esse filme é uma produção minha e do Daniel, então faz toda a diferença. Foi um processo difícil que a gente teve para realizar este filme”, comentou.
Pelo segundo ano consecutivo, o Cine PE realiza uma mostra paralela, com filmes inéditos, porém, fora de competição. Em 2024, a seleção de títulos exibidos em sessão matinê ganhou um nome oficial, passando a se chamar Mostra Inquietações — título escolhido pelos curadores do festival, Edu Fernandes, Nayara Reynaud e Carissa Vieira. Nesta edição, a programação paralela do evento dobrou, passando para dois dias de exibição na sala do Cinema do Porto, no bairro do Recife.
Contudo, para Sandra Bertini, diretora do Cine PE, a ideia é que a Inquietações cresça ainda mais. “Sabemos que o público está acostumado a ver os filmes do festival à noite. É uma tradição que se estende por 28 edições, mas queremos atrair mais pessoas também para a Mostra Inquietações. Nossa intenção é expandir”, comentou Sandra.
No primeiro dia de exibição, a curadora Carissa Vieira explicou o novo nome: “É uma mostra que reflete nossa própria inquietação em trazer mais filmes para o festival, mas também uma maneira de inquietar — no sentido de provocar — o público”, disse.
Além de crescer em número de dias, diferente do ano anterior, em que só foram exibidos curtas-metragens, a Inquietações exibiu na tarde deste sábado (8) um longa-metragem, a produção pernambucana “Estação Janga-Lua”, de Chia Beloto e Rui Mendonça, uma docuficção que acompanha o mestre griô referência na tradição do Coco de Roda em Pernambuco, Zeca do Rolete.
“Ninguém faz cinema sozinho. Queremos agradecer ao Cine PE pela oportunidade de estrearmos o filme aqui, de contar essa história e por abrir essa janela para que o público possa conhecer a história de seu Zeca do Rolete”, agradeceu Chia Beloto.
Além do longa, foram exibidos os curtas “Era Uma Noite de São João”, de Bruna Velden e “Utopia Muda”, de Julio Matos.