A 29ª edição do Cine PE chegou ao fim na noite deste domingo (15), no Cinema do Teatro do Parque, consagrando o longa “A Melhor Mãe do Mundo”, de Anna Muylaert, como Melhor Filme pelo Júri Oficial. Já o público escolheu “Nem Toda História de Amor Acaba em Morte”, de Bruno Costa, como seu longa favorito.
O Júri Oficial da Mostra de Longas-Metragens foi composto por Daniel Bandeira, David Schurmann, Helga Nemetik, Rosemberg Cariry e Vânia Lima.
Na Mostra Competitiva de Curtas Pernambucanos, o destaque foi “Esconde-esconde”, de Vitória Vasconcellos, que levou três Calungas de Prata: Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Fotografia. Já na Mostra Nacional, o grande vencedor foi o curta de animação “Kabuki”, de Tiago Minamisawa, premiado em quatro categorias: Melhor Filme, Direção, Direção de Arte e Trilha Sonora.
O Júri Popular consagrou como Melhor Curta Pernambucano “O Carnaval é de Pelé”, de Lucas Santos e Daniele Leite, e como Melhor Curta Nacional “Depois do Fim”, de Pedro Maciel.
O júri das mostras de curtas foi formado por Elias Oliveira, José Araripe Jr., Marcos Pierry, Renata Boldrini e Viviane Pistache.
A crítica especializada também premiou suas escolhas. O Júri da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), composto por Neusa Barbosa, Roger Lerina e Laura Machado, concedeu o prêmio de Melhor Longa para “Senhoritas”, de Mykaella Plotkin, e o de Melhor Curta Nacional para “Casulo”, de Aline Flores.
O júri oficial de Curtas Pernambucanos concedeu uma menção honrosa para o filme “Lança-Foguete”, de William Oliveira, pela iniciativa de buscar uma representação diferenciada e criativa da comunidade trans por meio do exercício da ficção científica.
O júri oficial de Curtas Metragens Nacionais decidiu conceder uma menção honrosa para a atriz Divina Valéria, pela ousadia e brilhantismo na sua interpretação no filme “Cavalo Marinho”, do diretor Léo Tabosa, de Pernambuco.
CONFIRA A LISTA COMPLETA DOS VENCEDORES
LONGAS-METRAGENS – JÚRI OFICIAL
Melhor Filme:
“A Melhor Mãe do Mundo”, de Anna Muylaert (SP)
Melhor Direção:
Mykaella Plotkin – “Senhoritas” (PE)
Melhor Roteiro:
Anna Muylaert – “A Melhor Mãe do Mundo” (SP)
Melhor Fotografia:
Cris Lyra – “Senhoritas” (PE)
Melhor Montagem:
Fernando Stutz – “A Melhor Mãe do Mundo” (SP)
Melhor Edição de Som:
Rosana Stefanoni – “Itatira” (SP)
Melhor Direção de Arte:
Ana Mara Abreu – “Senhoritas” (PE)
Melhor Trilha Sonora:
Diogo Felipe – “O Ano em que o Frevo Não Foi para Rua” (SP)
Melhor Ator Coadjuvante:
Genézio Barros – “Senhoritas” (PE)
Melhor Atriz Coadjuvante:
Rejane Farias – “A Melhor Mãe do Mundo” (SP)
Melhor Ator:
Octávio Camargo – “Nem Toda História de Amor Acaba em Morte” (PR)
Melhor Atriz:
Shirley Cruz – “A Melhor Mãe do Mundo” (SP)
CURTAS-METRAGENS PERNAMBUCANOS – JÚRI OFICIAL
Melhor Filme:
“Esconde-esconde”, de Vitória Vasconcellos
Melhor Direção:
Vitória Vasconcellos – “Esconde-esconde”
Melhor Roteiro:
Xulia Doxagui – “Babalu é Carne Forte”
Melhor Fotografia:
João Rubio Rubinato – “Esconde-esconde”
Melhor Montagem:
Priscila Nascimento – “Sonho em Ruínas”
Melhor Edição de Som:
Priscila Nascimento – “Sonho em Ruínas”
Melhor Direção de Arte:
Alex Ferreira – “Babalu é Carne Forte”
Melhor Trilha Sonora:
Grupo Boi Tira-Teima – “O Carnaval é de Pelé”
Melhor Ator:
Asaías Rodrigues – “Sertão 2138”
Melhor Atriz:
Clau Barros – “Sertão 2138”
CURTAS-METRAGENS NACIONAIS – JÚRI OFICIAL
Melhor Filme:
“Kabuki”, de Tiago Minamisawa (SP)
Melhor Direção:
Tiago Minamisawa – “Kabuki” (SP)
Melhor Roteiro:
Aline Flores – “Casulo” (SP)
Melhor Fotografia:
Elisa Ratts – “A Caverna” (PR)
Melhor Montagem:
Marília Albuquerque – “Liberdade Sem Conduta” (RN)
Melhor Edição de Som:
Augusto Krebs – “O Último Varredor” (MT)
Melhor Direção de Arte:
Guilherme Petreca – “Kabuki” (SP)
Melhor Trilha Sonora:
Gustavo Kurlat e Ruben Feffer – “Kabuki” (SP)
Melhor Ator:
Rafael Lozano – “Depois do Fim” (SP)
Melhor Atriz:
Aline Flores – “Casulo” (SP)
PRÊMIOS ESPECIAIS
Melhor Curta Nacional segundo a Abraccine:
“Casulo”, de Aline Flores (SP)
Melhor Longa segundo a Abraccine:
“Senhoritas”, de Mykaella Plotkin (PE)
Melhor Curta Pernambucano – Júri Popular:
“O Carnaval é de Pelé”, de Lucas Santos e Daniele Leite
Melhor Curta Nacional – Júri Popular:
“Depois do Fim”, de Pedro Maciel (SP)
Melhor Longa – Júri Popular:
“Nem Toda História de Amor Acaba em Morte”, de Bruno Costa (PR)
O último dia de programação do Cine PE 2025 celebrou o cinema regional com a exibição das Mostras Paralelas – Sessão Matinê, que aconteceu na tarde deste domingo (15), no Cinema São Luiz, no Recife. Com sala cheia e entrada gratuita, a sessão apresentou obras de realizadores de Pernambuco e da Paraíba, seguida de um bate-papo com parte das equipes e diretores dos filmes.
Na Mostra Lei Paulo Gustavo – PE, o público conferiu cinco curtas que exploram a força criativa e identitária do território nordestino. Entre eles, “Garapa Nervosa, a banda que esqueceu de acabar” resgatou a trajetória de uma banda recifense que insiste em continuar. Já “Histórias do Alto” mergulhou na vida e resistência cultural dos moradores do Alto José do Pinho, enquanto “Areias do Céu” apresentou um olhar poético sobre o sertão e suas forças espirituais e simbólicas. A ficção “Umbilina e Sua Grande Rival” narrou ao público, com humor, a rivalidade entre duas personagens do interior. “PX Origens”, por sua vez, percorreu as memórias e expressões artísticas do bairro de Peixinhos, localizado entre Recife e Olinda.
Antes da exibição, a diretora Virgínia Guimarães contou sobre a construção de Areias do Céu e a potência simbólica das paisagens sertanejas retratadas. “Esse filme fala um pouco sobre duas paisagens e suas forças humanas e animais. Ele foi feito em Santa Cruz do Capibaribe, nas comunidades da Palestina e da Vila do Pará, lugares de proteção e resistência. Foi o primeiro filme nesse processo, e gerou muitos frutos. Estou muito feliz de estar aqui com parte da equipe e de poder compartilhar esse trabalho com vocês”, destacou.
Já na Mostra Panorama Paraíba, foram exibidos seis filmes que transitaram entre ficção e documentário. “O Colecionador de Cheiros de Nucas Femininas” intrigou o público com sua proposta inusitada; “Ladário” contou a história de um homem que ressignifica sua vida pela arte; “Jacu” e “O Sonho de Anu” apostaram na narrativa de personagens do interior e dos povos originários; “A Nave que Nunca Pousa” homenageou espaços culturais periféricos; e “Memórias – Histórias do Cine Teatro Municipal de Sumé” resgatou afetivamente a história de um dos palcos mais simbólicos do Cariri paraibano.
Em sua fala, a diretora Ana Célia Gomes destacou a importância de “Memórias” para o reconhecimento do patrimônio cultural da região. “Esse filme nasce da vontade de registrar a história de um lugar que eu não vivi, mas que marcou profundamente minha cidade. O cineteatro de Sumé foi um palco pulsante de arte, e queremos que ele volte a ser isso. Espero que esse filme ajude a manter vivos os espaços culturais do interior, que precisam ser revitalizados para continuar transformando vidas”, pontuou.
Na noite deste sábado (14), o 29º CINE PE celebrou a carreira de uma artista que cresceu diante das câmeras e diante do público brasileiro: Leandra Leal. A atriz, diretora e produtora recebeu o Calunga Dourada como reconhecimento por sua contribuição ao cinema nacional. No palco do Cinema do Teatro do Parque, Leandra reforçou que o gesto tem um sabor especialmente simbólico, já que foi na primeira edição do Festival que ela despontou no seu primeiro longa-metragem, A Ostra e o Vento, de Walter Lima Jr., filme que, à época, conquistou o júri e foi premiado no CINE PE.
Coube ao diretor de fotografia e cineasta Walter Carvalho a entrega do troféu, em um discurso poético. Entre lembranças e metáforas, ele exaltou a beleza e o talento da atriz. “Zeux pintou a mulher ideal com traços de várias mulheres da Grécia Antiga. Mas sabem por que ele fez isso? Porque ele não conhecia a Leandra Leal”, disse.
Ao receber a estatueta, Leandra também refletiu sobre a construção da própria trajetória e o quanto o cinema atravessa todas as camadas de sua existência. “A minha vida é definida pelos trabalhos que eu estava fazendo naquele momento. Hoje está sendo muito bonito olhar para essas personagens todas e admirar. Olhar para si e gostar do que se vê”, afirmou.
“Estou num momento muito feliz da minha vida. Acabei de ter meu segundo filho, não tão recentemente, mas para mim foi ontem, e hoje é a primeira vez que passo uma noite fora de casa. E segunda-feira já volto a um set, com o Fernando Coimbra, diretor do filme que vocês vão ver aqui”, contou ela, em referência ao longa Os Enforcados, exibido logo após a homenagem.
Os Enforcados é um thriller psicológico que mergulha nas zonas sombrias das relações humanas e conduz o espectador por um enredo carregado de tensão, ambiguidade e emoção. O filme conta a história do casal Regina e Valério que se vêem envolvidos em dívidas e traições herdadas da família de Valério. Uma noite, eles encontram o plano perfeito. Mas, ao executá-lo, são sugados por uma espiral de violência que parece não ter fim.
No filme, Leandra divide a cena com Irandhir Santos e destaca que foi um processo muito eletrizante. “Eu amei fazer o filme e espero que vocês gostem também. Se gostarem, repliquem, falem, porque estamos vivendo um momento muito lindo no nosso cinema”, destacou.
A homenageada encerrou sua fala fazendo um chamado em defesa das políticas públicas e da diversidade de vozes no audiovisual: “Vamos regulamentar o VOD (serviços de oferta de vídeo sob demanda), vamos continuar exigindo políticas públicas que escoam nossa produção. Temos muitas narrativas que merecem ser contadas. E eu espero ficar até o último segundo contando essas histórias”, finalizou.
O sábado (14) foi marcado pela estreia da Mostra Paralela do Cine PE 2025, com a Sessão Matinê – Mostra Grandes Festivais, dedicada a filmes que integram a programação do festival fora da mostra competitiva. A sessão, realizada no icônico Cinema São Luiz, reafirma a importância do espaço como um dos templos do audiovisual pernambucano e celebra sua potência como cinema de rua ainda em atividade no Brasil.
Nesta primeira exibição, o público conferiu o curta Deixa, de Mariana Jaspe, e o longa Mambembe, dirigido por Fábio Meira. Gravado em Pernambuco em 2010, o filme ressurge agora como um mergulho no tempo, revisitando a trajetória de um topógrafo errante que se depara com três mulheres de um circo mambembe. A obra aborda o acaso como elemento narrativo e convida à reflexão sobre o próprio fazer artístico.
“Gostaria de agradecer ao festival e aos curadores Edu Fernandes e Carissa Vieira por nos convidarem para exibir o filme aqui. Mambembe foi gravado aqui em Pernambuco e tem muita gente que estou revendo após 15 anos”, comentou emocionado o diretor Fábio Meira durante a sessão.
A Mostra Paralela – Sessão Matinê tem mediação da jornalista Silvana Marpoara e segue como um espaço de valorização de obras potentes, com trajetórias marcadas por outros festivais, mas que ganham no Cine PE uma nova oportunidade de diálogo com o público e com a história do cinema brasileiro.
O ator Júlio Andrade foi o homenageado da sexta-feira (13) no Cine PE 2025 e participou de uma coletiva de imprensa nada convencional: o encontro com jornalistas aconteceu a bordo de uma embarcação do Catamaran Tours, durante um passeio pelas pontes do Recife. Em clima descontraído e ao mesmo tempo emocionante, Júlio relembrou momentos marcantes de sua carreira e compartilhou desejos e memórias que marcaram sua trajetória profissional.
Seguindo a tradição do passeio, ao passar por baixo das icônicas pontes do Recife, os embarcados fazem pedidos ao universo. Foi nesse momento que Júlio revelou um de seus maiores sonhos profissionais: trabalhar com o cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, recém-premiado em Cannes por O Agente Secreto. “Eu acho que todo ator quer filmar com Kleber”, declarou, arrancando aplausos e sorrisos dos presentes.
Em um dos momentos mais emocionantes da coletiva, o ator homenageou o saudoso diretor Breno Silveira, com quem trabalhou no filme Gonzaga – De Pai para Filho (2012). Ao recordar a parceria com o cineasta, falecido em 2022, Júlio não conteve a emoção e, como homenagem, cantou um trecho de “Feliz”, canção de Gonzaguinha, embalando a coletiva pelas águas do Capibaribe.
Na ocasião, também aconteceram as coletivas com os realizadores dos filmes exibidos na noite de sexta-feira, dia 13. Entre eles, o diretor Bruno Costa apresentou o longa Nem Toda História de Amor Acaba em Morte, enquanto os curtas Tu Oro, de Rodrigo Aquiles, e Depois do Fim, de Pedro Maciel, também foram discutidos com a imprensa. Os realizadores comentaram sobre os processos criativos, desafios de produção e as expectativas com a exibição de seus trabalhos na mostra competitiva do festival.
Durante a coletiva de imprensa do longa-metragem, a protagonista Gabi Grigolom defendeu a importância da escalação de atrizes surdas para papéis que retratam essa vivência. “É fundamental abrir espaço para atrizes surdas, especialmente quando interpretam personagens que compartilham dessa vivência. Essa escolha traz mais autenticidade à história e inclusão para o cinema”, defendeu a atriz.