A P R E S E N T A Ç Ã O

O desafio de se entender a real dimensão do que seja “popular” está na sua própria essência. Não se trata de algum tipo de movimento pouco refinado para gostos sofisticados. Não há uma razão de só crer nesse caminho, haja vista o risco de fazê-lo pode ser hoje um meio desagregador. Isso não convém. Melhor, então, agir com maior sensibilidade, ir mais a fundo, para que o “popular” seja entendido pela sua ordem de grandeza. Aquela que entende, de verdade, as preferências exercidas pelo público.

A virada do ano de 2024 revela um aspecto precioso, nesse traço da expressão popular, quando visto pelas lentes da produção audiovisual brasileira. É que o setor tem muito o que comemorar, porque o público do qual tanto carecemos, foi reconquistado. E com certas particularidades que não impediram uma tradução tão marcante do que seja mesmo o sentido do “popular”. Dois produtos audiovisuais distintos nos seus conteúdos e apelos, foram capazes de levar às salas de cinema do nosso País, cerca de 10 milhões de pessoas. Não representa ainda o que o setor precisa. Mas, o tamanho dessa conquista simbolizou um reencontro possível entre o nível do que se produz hoje, com relação às expectativas daquilo que o público espera. E isso se deu num misto de propostas, entre o traço autoral e dramático de Walter Salles (em AUNDA ESTOU AQUI) e a comicidade irreverente da obra de Ariano, conduzida por Guel Arraes e Flávia Lacerda (em O AUTO DA COMPADECIDA 2).

Dito isso, a vigésima nona edição da etapa das mostras de filmes do Cine PE, rende-se ao papel do público. Assim, o Festival que se notabilizou pela sua identidade popular, ao homenagear à produtora comum aos dois filmes (a Conspiração Filmes), tem também em mente seu reconhecimento do quanto é importante termos o que contar para diferentes plateias. Afinal, desde quando a gente programa o Festival Infantil e as oficinas de educação audiovisual, o Cine PE sempre acreditou nesse propósito de valorizar o público. Um princípio basilar desde quando o alvo inicial está no compromisso com a formação. Ou mesmo, quando se chega às mostras principais, para o devido consumo, os produtos selecionados por nossa curadoria.

Em complemento à essa disposição natural de relevarmos a dimensão do público, vale acrescentar sobre o espírito da campanha institucional desta edição. Inspirada, plena e soberanamente, na cultura popular, aqui muito bem associada aos festejos juninos. Nesse sentido, vale enfatizar que o Cine PE segue com sua crença na boa comunicação, como meio de se aproximar ainda mais do público, tanto e quanto brindar nossos patrocinadores, justo pela confiança depositada, para todo esforço de produção da nossa equipe.

Ainda imbuídos por esse clima de restauração do “popular”, a direção do Festival precisa ainda registrar outras homenagens. Assim, compartilhamos nossa alegria de trazer para esse fim, dois nomes populares, que em muito já contribuíram para nosso audiovisual: Júlio Andrade e Leandra Leal. Que a honraria da “Calunga Dourada” seja a expressão do mérito que cabe a esses dois talentosos artistas.

Agradecer ao final é práxis. Não se faz um festival de cinema sem a comunhão de esforços. Para fazê-lo amplo, inclusivo e sustentável todos e todas que estiveram envolvidos têm sua responsabilidade por uma história de quase 30 anos. Portanto, um obrigado maiúsculo e difuso para a equipe, patrocinadores, fornecedores participantes e público, em geral. Válido por um esforço de produção iniciado pela etapa da programação socioeducativa, passando pelas mostras e chegando até a proposta de Seminário & Mercado (TELA).

Que 2025 seja a renovação dos êxitos passados. E que venha logo o preparo da edição especial dos 30 anos.

Alfredo e Sandra Bertini, Diretores

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