Na noite deste sábado (14), o 29º CINE PE celebrou a carreira de uma artista que cresceu diante das câmeras e diante do público brasileiro: Leandra Leal. A atriz, diretora e produtora recebeu o Calunga Dourada como reconhecimento por sua contribuição ao cinema nacional. No palco do Cinema do Teatro do Parque, Leandra reforçou que o gesto tem um sabor especialmente simbólico, já que foi na primeira edição do Festival que ela despontou no seu primeiro longa-metragem, A Ostra e o Vento, de Walter Lima Jr., filme que, à época, conquistou o júri e foi premiado no CINE PE.
Coube ao diretor de fotografia e cineasta Walter Carvalho a entrega do troféu, em um discurso poético. Entre lembranças e metáforas, ele exaltou a beleza e o talento da atriz. “Zeux pintou a mulher ideal com traços de várias mulheres da Grécia Antiga. Mas sabem por que ele fez isso? Porque ele não conhecia a Leandra Leal”, disse.
Ao receber a estatueta, Leandra também refletiu sobre a construção da própria trajetória e o quanto o cinema atravessa todas as camadas de sua existência. “A minha vida é definida pelos trabalhos que eu estava fazendo naquele momento. Hoje está sendo muito bonito olhar para essas personagens todas e admirar. Olhar para si e gostar do que se vê”, afirmou.
“Estou num momento muito feliz da minha vida. Acabei de ter meu segundo filho, não tão recentemente, mas para mim foi ontem, e hoje é a primeira vez que passo uma noite fora de casa. E segunda-feira já volto a um set, com o Fernando Coimbra, diretor do filme que vocês vão ver aqui”, contou ela, em referência ao longa Os Enforcados, exibido logo após a homenagem.
Os Enforcados é um thriller psicológico que mergulha nas zonas sombrias das relações humanas e conduz o espectador por um enredo carregado de tensão, ambiguidade e emoção. O filme conta a história do casal Regina e Valério que se vêem envolvidos em dívidas e traições herdadas da família de Valério. Uma noite, eles encontram o plano perfeito. Mas, ao executá-lo, são sugados por uma espiral de violência que parece não ter fim.
No filme, Leandra divide a cena com Irandhir Santos e destaca que foi um processo muito eletrizante. “Eu amei fazer o filme e espero que vocês gostem também. Se gostarem, repliquem, falem, porque estamos vivendo um momento muito lindo no nosso cinema”, destacou.
A homenageada encerrou sua fala fazendo um chamado em defesa das políticas públicas e da diversidade de vozes no audiovisual: “Vamos regulamentar o VOD (serviços de oferta de vídeo sob demanda), vamos continuar exigindo políticas públicas que escoam nossa produção. Temos muitas narrativas que merecem ser contadas. E eu espero ficar até o último segundo contando essas histórias”, finalizou.