A noite de quarta-feira (11) no Cine PE foi marcada por uma mistura entre ficção, distopia, memória e estratégia de marketing. As exibições da Mostra Competitiva trouxeram uma seleção de curtas e um longa que apostaram em diferentes abordagens visuais e narrativas que seguiu da ancestralidade do futurismo sombrio a reflexões íntimas sobre identidade e pertencimento.

O grande destaque da noite foi a exibição de “Lança-Foguete”, curta pernambucano dirigido por William Oliveira, que movimentou as redes e o céu do Recife antes mesmo de sua estreia na tela. Para divulgar a sessão, o grupo promoveu uma intervenção urbana: luzes vermelhas foram projetadas no céu recifense, gerando curiosidade e burburinho digital. A ação performática antecipou o clima do filme, que aborda a cultura popular de forma provocativa, com forte apelo visual e político. “Talvez algumas pessoas da plateia possam ter visto notícias de luzes estranhas aparecendo essa semana nos céus de Recife. E a gente revela esse mistério no Cine PE, através do Lança Foguete”, afirmou. “Estou muito feliz de estar aqui no festival. Para mim é muito significativo estrear o filme aqui na cidade, afinal, é um filme que tem muito do Recife e de seus elementos, do nosso dia a dia, a nossa rotina. Estou muito, muito feliz”, pontuou William.

O filme é uma realização em parceria com a equipe do perfil Recife Ordinário, conhecido por seu olhar irônico e crítico sobre o cotidiano da cidade, e conta com a participação da jornalista Meire Lanuce. “Eu faço um personagem de mim mesma”, contou Meire. “Eu considero as produções audiovisuais um refino do que é a nossa cultura. Como eu gostaria que cada vez mais famílias trouxessem novas gerações para ver trabalhos tão lindos”, ressaltou a jornalista.

Ainda na Mostra Pernambucana de Curtas, o público conferiu “Sertão 2138″, dirigido por Deuilton B. Júnior, que leva o espectador a uma viagem pelo futuro distópico de um sertão tecnologicamente avançado, mas ainda marcado por desigualdades. O curta mistura elementos de ficção científica e crítica social, utilizando linguagem visual arrojada e um roteiro que questiona os rumos do progresso.

Na Mostra Nacional de Curtas, “Casulo”, de Aline Flores, que trata de uma jovem em processo de transformação pessoal e sexual em um ambiente familiar opressor; e “A Caverna”, de Louise Fiedler, uma ficção paranaense com forte carga simbólica e cenários minimalistas que evocam isolamento, introspecção e resistência.

Fechando a noite, foi exibido o longa documental “Itatira”, dirigido por André Luís Garcia, que mergulha na realidade da pequena cidade cearense que dá nome ao filme. Garcia constrói um retrato da vida no interior do Brasil, com suas rotinas, festas, religiosidade e silêncios.

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