Sempre atento à importância de tornar a cultura acessível, o CINE PE, que chega este ano à sua 25ª edição, contará mais uma vez com legendagem eletrônica para atender ao público com deficiência auditiva. O evento, que acontece de 23 a 26 de novembro no Teatro do Parque, exibirá 17 dos 38 filmes das Mostras Competitivas com legendas.
Sandra Bertini, idealizadora do festival, comenta a importância cada vez maior de promover a pluralidade e o acesso ao conteúdo audiovisual. “Estamos em um momento de retomada, depois de meses sem cinemas, sem teatro, sem shows. Embora tenhamos os streamings e uma quantidade enorme de conteúdo online, a TV aberta continua sendo mais acessível para a população. Durante todo esse tempo de pandemia, muitas pessoas com deficiência tiveram dificuldades para consumir filmes, séries, telenovelas e programas de TV”, comentou Sandra.
Para a organizadora do CINE PE, o closed caption ainda é uma barreira para o entendimento dos surdos. “A função que deveria facilitar o entendimento das pessoas com deficiência auditiva é rápida demais, as frases aparecem desformatadas na tela e os parágrafos são exibidos de uma única vez. É uma tentativa de alcançar a inclusão, mas está longe de ser um dispositivo 100% inclusivo”, pontuou.
Sandra ainda falou sobre os impasses enfrentados na hora de fechar uma programação com legendagem para surdos e ensurdecidos em todos os filmes. “Nós tivemos dificuldades esse ano para trazer uma programação inclusiva. Não temos uma universalidade de filmes com a legendagem solicitada pelo Regulamento do Festival, porque a dificuldade financeira trazida pela pandemia travou a possibilidade de vários realizadores atenderem a essa demanda”, comentou.
Para se entender a necessidade de tornar a arte mais acessível, o Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicou que 9,7 milhões de pessoas, ou 5,1% da população do país, apresentam alguma deficiência auditiva; entre elas, 344 mil são surdas e 1,7 milhões têm grande dificuldade para ouvir. As legendas para surdos e ensurdecidos permitem que cada vez mais gente possa consumir as produções nacionais.