O longa-metragem trouxe à tona um tema delicado para o público recifense: a ausência do Carnaval em 2021, em meio à pandemia da covid-19. O filme reflete sobre o sentimento de perda e o vazio deixado pela interrupção de uma das manifestações culturais mais emblemáticas de Pernambuco, o frevo, declarado Patrimônio Imaterial do Estado.
A produtora Juliana Lira abriu as falas, celebrando o apoio da equipe e a emoção de exibir o filme no festival. “Esse é um filme coletivo, feito com muito amor, e sem nenhum apoio financeiro à época. É muito bonito ver um filme no Oscar, em Cannes, mas mais bonito ainda é ver ele nascendo aqui, com o apoio local. O audiovisual é uma indústria potente, que emprega muita gente, e merece incentivo.”
A diretora Mariana Soares, visivelmente comovida, também subiu ao palco. “O CINE PE fez parte da minha formação como jornalista, e agora estou aqui como realizadora. Esse filme é um ato de amor pelo Carnaval e pelas pessoas que fazem essa festa acontecer. A gente não brinca Carnaval, a gente vive o Carnaval — porque ele é coisa séria. Poder voltar a viver o Carnaval com esse projeto foi ainda mais lindo.”
Um dos destaques do filme é a participação da cantora Nena Queiroga, uma das figuras centrais do Carnaval pernambucano, que esteve presente na sessão e prestigiou a exibição. Nena, que completou aniversário nesta terça, foi ovacionada pelo público.
Nas Mostras de Curtas Nacionais e Pernambucanos, a curadoria celebrou a riqueza cultural brasileira, com filmes que abordaram diferentes territórios, vivências e expressões regionais do país. As exibições reforçaram o compromisso do festival em valorizar a pluralidade do Brasil, trazendo à tela histórias marcadas por tradições populares, questões sociais e olhares singulares sobre os cenários locais.
“Hoje a seleção de curtas de longa fala das festas populares, que é o mote do festival esse ano. A gente começa com um filme de São Cosme de Damião, a gente vai para um filme de Carnaval de Maracatu, depois a gente vai para a contribuição estrangeira na nossa cultura com o Kabuki, e, por fim, combinamos com O ano que o frevo não saiu para a rua. É uma noite que casa com a proposta de divulgação do ano do festival e com a grande festa que é todo festival de cinema”, destaca Edu Fernandes, curador do CINE PE. “São filmes sobre a arte que vem do povo e que chega a qualquer pessoa, porque a cultura que o povo cria é muito rica e alcança qualquer grupo social”, completa Carissa Vieira, curadora do Festival.
O Cine PE continua nesta quarta-feira (11) com a exibição dos curtas “Sonhos em Ruínas”, de Priscila Nascimento; “Tapando Buracos”, de Pally e Laura Fragoso; “O Último Varredor”, de Perseu Azul e Paulo Alipio; e o longa “Senhoritas”, de Mykaela Plotkin.