CINE PE explora novos caminhos do audiovisual

CINE PE explora novos caminhos do audiovisual

A terceira noite de exibição do CINE PE, que aconteceu nesta quinta (29), começou trilhando pelos novos caminhos e possibilidades do audiovisual. A ficção pernambucana Aqui Jaz, de Brenda Ligia Miguel, é um exemplo prático de uma nova forma de fazer cinema: o documentário foi inteiramente gravado utilizando um telefone celular. “Todos nós temos um smartphone, e qualquer um que tenha uma câmera na mão e uma ideia na cabeça pode fazer cinema”, apontou a diretora, que também assina o roteiro, produção, montagem, edição de som, direção de arte, figurino e ainda atua no filme.

A diretora Brenda Lígia apresentou seu curta ‘Aqui Jaz’. Foto: Lana Pinho/Divulgação

Seguindo a linha desta edição, que apresenta uma programação extremamente plural, o festival exibiu também o documentário brasiliense Retratos da Alma, um convite para o expectador refletir sobre a natureza humana. Excepcionalmente, a noite contou com a exibição de dois longas-metragens, ambos participantes da Mostra Competitiva da categoria: o documentário mineiro Los Leones, de André Lage, que traça um retrato íntimo de um casal argentino, a travesti Mariana Koballa e seu companheiro, Raul Francisco; e a ficção paulistana Borrasca, de Francisco Garcia, que fala sobre amizade, traição, amor e morte.

Nesta sexta (30), o evento segue com a projeção dos curtas O Menino do Canto do MarPeleja do Sertão e Mulheres Negras: Projetos do Mundo. O longa da noite é o policial O Crime da Gávea, dirigido por André Warwar e com roteiro de Marcílio Moraes, baseado no romance homônimo do próprio Marcílio. As sessões acontecem no Cinema São Luiz a partir das 19h30, e os ingressos custam R$ 5 (preço único). Às 10h, no Hotel Transamérica, em Boa Viagem, acontecem as entrevistas coletivas dos filmes exibidos na quinta (29). No mesmo local, às 14h30, será sediado o seminário “Economia do audiovisual: Como é possível estimar a demanda por audiovisual no Brasil?”.

‘Impecável’, disse Olavo de Carvalho sobre documentário de Josias Teófilo

‘Impecável’, disse Olavo de Carvalho sobre documentário de Josias Teófilo

Após a coletiva com representantes dos curtas-metragens exibidos na noite da última quarta (28) dentro da programação do CINE PE, Sandra Bertini, diretora do festival, juntou o diretor pernambucano Josias Teófilo e o produtor Matheus Bazzo para promover um debate sobre O Jardim das Aflições. Em uma tela montada ao lado do palco estava uma das grandes novidades da 21ª edição do evento: o filósofo Olavo de Carvalho, retratado pelo documentário, falava ao vivo, via Skype, de sua residência em Richmond, nos Estados Unidos. A seleção da obra em questão foi um dos motivos do protesto que culminou na saída de sete filmes da grade inicial da programação.

Foto: Lana Pinho/Divulgação

“Ontem foi uma noite linda. Foi um momento muito atribulado o que aconteceu no CINE PE. Foi uma situação tensa, que no início me tirou o sono. De certa forma, me desagradou um pouco. Minha vida ficou um caos”, lamentou Josias. O diretor defendeu que, apesar das dificuldades, a polêmica também surtiu um resultado positivo: “O filme despertou uma atenção tremenda. Hoje, vendo essa sessão de ontem, eu realmente não tenho mais do que reclamar ou ficar bravo com alguém, porque isso faz parte da trajetória do filme. É uma história única, é uma história preciosa”, explanou.

“O filme não tem a pretensão de apresentar a filosofia do Olavo de Carvalho, mas apenas alguns temas do livro ‘O Jardim das Aflições’; nem mesmo o livro inteiro, apenas alguns temas. E isso foi feito de maneira maravilhosa, impecável, perfeita, e ainda tem o mérito de ser um dos raríssimos filmes brasileiros que têm relevância filosófica”, pontuou Olavo sobre o resultado final do documentário.

Entrevista coletiva aborda processo criativo de curtas-metragens do segundo dia do CINE PE

Entrevista coletiva aborda processo criativo de curtas-metragens do segundo dia do CINE PE

Depois da segunda noite de exibição do CINE PE, a diretora do festival, Sandra Bertini, reuniu sete representantes dos seis curtas-metragens exibidos na véspera para uma entrevista aberta ao público. A coletiva de imprensa aconteceu na manhã desta quinta (29) no Hotel Transámerica, em Boa Viagem. Entre os presentes estavam o roteirista Marcelo Cavalcante e o animador Marcos França, de Marina e o passarinho perdido, curta criado a partir de um livro infantil, também da autoria de Marcelo, que retrata histórias que surgiram das brincadeiras de sua filha Marina. Também estavam no palco a diretora de Almas Secas, Helena Ferreira, curta de dois minutos de duração que foi produzido como seu trabalho de conclusão de curso; Maurício Nunes, diretor da animação O Ex-Mágico, baseado no título homônimo de Murilo Rubião; Marcus Paiva, diretor de Soberanos da Resistência, documentário que traz um olhar reflexivo sobre a situação do maracatu em Pernambuco; e Lucas Tergolino, co-produtor do curta-metragem gaúcho Dia dos Namorados.

Foto: Lana Pinho/Divulgação

Por fim, o documentário Luiza foi representado pelo diretor de fotografia Murilo Lazarin. A película dirigida por Caio Baú, irmão da personagem retratada, trata da relação entre uma jovem deficiente de 24 anos e o universo ao seu redor, tendo a sexualidade como fio condutor para abordar temas como autonomia, preconceito e superproteção. O debate, que durou pouco mais de uma hora e meia, girou em torno do processo criativo dos filmes. Contudo, na maior parte do tempo, os holofotes se detiveram sobre Luiza e as curiosidades sobre a personagem-título. “Vocês conseguiram o que nem sempre os documentários conseguem, que é o mergulho na intimidade de um indivíduo”, descreveu o diretor da ANCINE, Sérgio Sá Leitão.

‘O Jardim das Aflições’ lota Cinema São Luiz na segunda noite do CINE PE

‘O Jardim das Aflições’ lota Cinema São Luiz na segunda noite do CINE PE

Cerca de mil pessoas enfrentaram a forte chuva que atingiu o Recife na noite desta quarta-feira (28) para prestigiar o segundo dia de exibição do CINE PE. Com ingressos esgotados desde o dia anterior, o grande protagonista da programação foi o longa-metragem O Jardim das Aflições, do pernambucano Josias Teófilo. Aplaudido desde sua entrada no Cinema São Luiz, o cineasta precisou se dividir entre as entrevistas à imprensa e as selfies com o público ávido. No discurso que precedeu a projeção do documentário, o diretor falou sobre a importância de exibir o filme em sua cidade e, sobretudo, no Cinema São Luiz, relembrando a passagem de seu avô, o cineasta Pedro Teófilo Batista, que esteve na inauguração do tradicional equipamento da capital pernambucana, em 1952. “Este cinema é muito importante também porque está aqui o mural de Lula Cardoso Ayres, que é pra mim a síntese do Recife. Primeiro que é um mural cinematográfico, é uma das maiores preciosidades dessa cidade”, exaltou.

Josias Teófilo foi ovacionado antes da exibição de ‘O Jardim das Aflições’. Foto: Lana Pinho/Divulgação

A noite contou também com a exibição das animações Almas Secas e Marina e o Passarinho Perdido, e do documentário Soberanos da Resistência, concorrentes na Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Pernambucanos. O Ex-Mágico, Luiza e Dia dos Namorados foram exibidos dentro da Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Nacionais.

Público lotou o Cinema São Luiz. Foto: Lana Pinho/Divulgação

Nesta quinta (29), o evento segue com a projeção dos curtas Aqui Jaz e Retratos da Alma, além dos longas Los Leones e Borrasca. Às 10h, no Hotel Transámerica, em Boa Viagem, acontecem as entrevistas coletivas dos filmes exibidos na quarta – incluindo uma videoconferência com o próprio Olavo de Carvalho, escritor e filósofo retratado em O Jardim das Aflições. No mesmo local, às 14h30, será sediado o seminário “Novos modelos de negócios no audiovisual: como a soberania do consumidor está revendo os conceitos na produção, distribuição e exibição?”, com participação dos produtores culturais Vilma Lustosa e Fernando Dias, do jornalista e diretor de TV Hermes Leal e do produtor cinematográfico Márcio Fracarolli, da Paris Filmes.

CINE PE promove bate-papo com Sidney Santiago e Ricardo Rihan

CINE PE promove bate-papo com Sidney Santiago e Ricardo Rihan

Na manhã desta quarta (28), o CINE PE promoveu um bate-papo mediado pela diretora do festival, Sandra Bertini, com Ricardo Fadel Rihan, produtor do filme Real: O Plano por Trás da história e o ator Sidney Santiago, protagonista do curta Diamante, o Bailarina, ambos exibidos na noite de abertura do evento.

Ricardo Rihan, Sandra Bertini e Sidney Santiago. Foto: Lana Pinho/Divulgação

A conversa, que durou pouco mais de uma hora e meia, aconteceu no Hotel Transámerica, em Boa Viagem. Em foco depois da recepção calorosa na noite anterior, Sidney Santiago falou sobre sua preparação para o personagem do curta-metragem de Pedro Jorge. “Esse foi um filme feito em um mês. Passamos duas semanas em contato com o universo do boxe. Eu já tinha uma proximidade com a bandeira GLBT, porque a gente faz um curso de base e empoderamento em São Paulo”, explanou. O ator ainda contou que se inspirou no pugilista norte-americano Muhammad Ali, considerado um dos maiores ​​da história do esporte, para conceber Diamante.

Ricardo Fadel Rihan relembrou as dificuldades enfrentadas ao longo das gravações e da pós-produção de Real: O Plano por trás da História. Envolto em polêmicas, o produtor pontuou que “não fez um filme para agradar os retratados” e arrancou risos da plateia ao lembrar das críticas de alguns dos políticos envolvidos: “Uma das coisas que o Serra [José Serra, ex-Secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo] disse foi ‘esse ator é muito feio’ e ‘eu nunca usei terno listrado’. Ele odiou o filme”.

 

Pular para o conteúdo